Sentença atinge facção que operava com violência em Augustinópolis, Praia Norte e Carrasco Bonito; crimes envolvem tráfico, tortura e organização armada
Por Ricardo Fernandes | Diário Tocantinense
A Justiça do Tocantins condenou dez integrantes da facção Comando Vermelho (CV) por atuação criminosa no extremo norte do estado. Com penas que, somadas, ultraam 200 anos de reclusão, os réus foram responsabilizados por organização criminosa armada, tráfico de drogas e tortura majorada. A decisão judicial foi proferida na última quinta-feira, 6 de junho.
As investigações, conduzidas pela Polícia Civil, revelaram que o grupo agia com estrutura hierárquica, operando como uma célula do Comando Vermelho na região do Bico do Papagaio, especialmente nos municípios de Augustinópolis, Praia Norte e Carrasco Bonito. Os criminosos impunham regras, aplicavam punições físicas — conhecidas como “disciplinas” — e controlavam o tráfico local com apoio logístico do Maranhão.
Entre os condenados estão Lucas Lopes dos Santos, que recebeu a maior pena — 39 anos e 8 meses — e Breno Ribeiro Alves, condenado a 35 anos e 10 meses. Veja abaixo as penas aplicadas a cada integrante:
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Lucas Lopes dos Santos: 39 anos e 8 meses
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Breno Ribeiro Alves: 35 anos e 10 meses
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Ryan Deyvyson Silva Souza: 23 anos e 4 meses
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Felipe da Silva Araújo: 26 anos e 8 meses
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Rafael da Silva Sousa: 13 anos e 4 meses
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Marcos Vinycius Conceição Silva: 20 anos
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Thallis Gabriel Brandão Rocha: 13 anos e 4 meses
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Raul Gomes da Silva Oliveira: 13 anos e 4 meses
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Wanderson Rodrigues Conceição: 13 anos e 4 meses
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Cleiton Fernandes Araújo: 20 anos e 8 meses
Facção substituiu rival e controlava território com violência
De acordo com o Ministério Público do Tocantins (MPTO), o grupo se instalou na região após a desarticulação do Primeiro Comando do Maranhão (PCM). Desde então, ou a abastecer o tráfico com drogas vindas de outros estados e a aplicar castigos em adolescentes e moradores da comunidade que descumprissem regras impostas pela facção.
“O modus operandi incluía coerção armada, tortura física e moral, especialmente contra jovens usados como ‘aviõezinhos’. A facção agia com brutalidade para manter o controle territorial”, explicou um promotor envolvido no caso, sob condição de anonimato.
Provas robustas garantiram condenações
A atuação do MPTO foi decisiva para a condenação dos réus. A promotoria apresentou um extenso conjunto de provas técnicas, documentais e testemunhais, que sustentaram a denúncia e demonstraram a atuação orquestrada da célula do Comando Vermelho no interior tocantinense.
Para o Ministério Público, o processo representa um marco na repressão ao crime organizado na região. “A sentença representa um avanço importante no combate à criminalidade organizada no interior do Tocantins”, afirmou um dos promotores responsáveis pela ação penal.
Segurança e enfrentamento às facções
A decisão também reforça o compromisso institucional do MPTO com a segurança pública em áreas de maior vulnerabilidade social e presença de grupos armados. Segundo dados da própria promotoria, o Bico do Papagaio é considerado um ponto sensível para a instalação de facções criminosas devido à proximidade com divisas estaduais e ausência de efetivo policial permanente em algumas localidades.
“O recado é claro: o Tocantins não será zona livre para a atuação de organizações criminosas”, concluiu o Ministério Público em nota.
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