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A última grande obra da máfia de Martin Scorsese está na Netflix e você tem obrigação de assistir

Lançado em 2019, O Irlandês (The Irishman) é uma obra monumental de Martin Scorsese que revisita um de seus temas favoritos: o mundo do crime organizado. No entanto, diferentemente de clássicos como Os Bons Companheiros(Goodfellas, 1990) e Cassino (Casino, 1995), este filme traz uma abordagem mais melancólica e reflexiva sobre a violência, a lealdade e as consequências inevitáveis da vida na máfia.

Baseado no livro I Heard You Paint Houses, de Charles Brandt, o longa-metragem acompanha a trajetória de Frank Sheeran (Robert De Niro), um veterano de guerra que se torna assassino de aluguel da máfia e, mais tarde, braço direito do influente sindicalista Jimmy Hoffa (Al Pacino). Com um elenco de peso, que inclui ainda Joe Pesci e Harvey Keitel, Scorsese constrói uma narrativa densa sobre o tempo, a culpa e a decadência do poder.

A maturidade de Scorsese e a desconstrução do gângster

Diferente de Os Bons Companheiros, onde a ascensão e a queda dos mafiosos são retratadas com ritmo frenético, ou de O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street, 2013), que celebra o excesso, O Irlandês adota um tom mais introspectivo. O filme não romantiza a vida criminosa, mas a apresenta como um ciclo de traições e isolamento.

Scorsese parece estar revisitando seu próprio legado no gênero e questionando o glamour do crime, algo que tantos outros filmes ajudaram a consolidar. Se em O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972) de Coppola havia honra e códigos, O Irlandês mostra um protagonista envelhecido que paga o preço de suas escolhas na solidão. Ao final, o que resta não são riquezas, mas o vazio de uma vida repleta de violência.

A técnica e a polêmica do rejuvenescimento digital

Uma das decisões mais ousadas do filme foi o uso do de-aging (rejuvenescimento digital) para transformar De Niro, Pacino e Pesci em versões mais jovens de seus personagens ao longo da narrativa. A tecnologia, desenvolvida pela Industrial Light & Magic, permitiu que os atores interpretassem seus personagens em diferentes fases da vida sem a necessidade de maquiagem tradicional ou dublês.

Embora inovador, o recurso gerou discussões. Em alguns momentos, os movimentos de De Niro entregam sua idade real, tornando algumas cenas menos convincentes. No entanto, a escolha de Scorsese reforça a ideia de que esta é uma história sobre memórias e arrependimentos, onde o ado e o presente se confundem.

O peso das atuações e o retorno de Joe Pesci

O trio principal entrega performances marcantes, mas é Joe Pesci quem mais surpreende. Conhecido por interpretar personagens explosivos e violentos, como em Os Bons Companheiros, aqui ele assume um tom contido e ameaçador na pele de Russell Bufalino, chefe da máfia que manipula tudo nos bastidores. Sua atuação é uma aula de sutileza e profundidade.

Já Al Pacino, em sua primeira colaboração com Scorsese, traz uma energia única ao filme. Seu Jimmy Hoffa é carismático, mas também imprudente, o que o coloca em conflito com a máfia. Por fim, De Niro sustenta a narrativa com um Frank Sheeran complexo, um homem que obedece ordens sem questionar, mas que carrega um peso crescente de culpa.

Uma reflexão de Scorcese sobre o tempo e a morte

Se O Irlandês pode ser descrito como um filme sobre a máfia, ele é, acima de tudo, um filme sobre o tempo. A estrutura narrativa, que alterna entre diferentes décadas, culmina em um terceiro ato devastador, onde o protagonista se vê esquecido e sozinho. Scorsese não está apenas contando a história de Frank Sheeran, mas refletindo sobre o próprio envelhecimento e o legado de uma geração de atores que definiu o cinema de crime.

Ao contrário de seus outros filmes sobre o tema, O Irlandês não termina com um grande clímax ou um momento de glória. O que sobra é apenas um homem esperando pelo fim, sem ninguém ao seu lado. A cena final, com Frank pedindo para deixar a porta entreaberta, ressoa como um eco do ado, uma tentativa inútil de manter algo que já se foi.

Scorcese fez o último filme de máfia de uma era?

O Irlandês não é apenas um filme, mas um testamento. Ele marca o fim de uma era, tanto para Scorsese quanto para os gigantes que compartilham a tela. Com seu ritmo cadenciado, longa duração (três horas e meia) e abordagem melancólica, não é um filme para todos, mas sim para aqueles que apreciam o cinema como arte e reflexão.

Ao rejeitar a estética vibrante dos seus filmes anteriores sobre a máfia e abraçar um tom crepuscular, Scorsese entrega um épico que, ao invés de glorificar a violência, expõe suas consequências. O Irlandês é, em última instância, um filme sobre arrependimento – e poucos diretores poderiam contá-lo de maneira tão magistral.

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