Bombardeios em Gaza e no sul do Líbano deixam mortos e feridos; comitiva do Tocantins está em Israel e familiares relatam preocupação. ONU pede cessar-fogo imediato.
Uma nova série de ataques aéreos entre Israel, Hamas e Hezbollah reacendeu, nesta semana, o temor de um conflito regional de grandes proporções no Oriente Médio. Os bombardeios mais recentes ocorreram entre a noite de quarta-feira (12) e a madrugada de quinta (13), atingindo alvos em Gaza, Beirute e diversas cidades do sul do Líbano. Autoridades palestinas relataram ao menos 23 civis mortos, incluindo seis crianças. Há ainda dezenas de feridos e estruturas civis destruídas, segundo informações locais.
O exército israelense informou que os bombardeios são uma resposta ao lançamento de foguetes a partir da Faixa de Gaza e do território libanês contra o norte de Israel. Um dos mísseis chegou a atingir a cidade de Kiryat Shmona, ferindo dois civis. Já o grupo Hezbollah confirmou a autoria de parte dos lançamentos e ameaçou uma “resposta em múltiplas frentes”, caso Israel continue suas operações militares na região.
Comitiva do Tocantins está em Israel
Entre os brasileiros que estão na região, destaca-se a presença de uma comitiva oficial do estado do Tocantins, que viajou para Tel Aviv em uma missão diplomática e comercial. Familiares de membros da comitiva relataram à reportagem que os integrantes estão em segurança, mas em alerta máximo. Segundo fontes próximas à delegação, os compromissos oficiais foram temporariamente suspensos.
A Embaixada do Brasil em Tel Aviv orientou os cidadãos brasileiros a evitarem deslocamentos não essenciais e a manterem contato permanente com autoridades diplomáticas. Segundo o Itamaraty, ainda não há confirmação de vítimas brasileiras.
Reação internacional e apelos por cessar-fogo
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu um cessar-fogo imediato e alertou para o risco de escalada regional. Estados Unidos, União Europeia e Rússia condenaram os ataques a civis e pediram contenção por parte dos envolvidos. A China defendeu uma “solução diplomática com base no respeito mútuo”, enquanto o Brasil, em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, reforçou sua posição histórica de defesa da paz e do diálogo, sem apontar culpados diretamente.
“É urgente evitar a escalada e proteger a população civil. O Brasil segue atento e em coordenação com outros países para uma resposta humanitária”, diz o comunicado.
Tensão pode alcançar Síria e Egito, dizem analistas
Especialistas em geopolítica alertam que o atual conflito pode ultraar as fronteiras de Gaza e Líbano, atingindo diretamente Síria e Egito, dois países que mantêm relações sensíveis com Israel. “Estamos diante de um momento decisivo. Se houver uma ofensiva terrestre maior, especialmente no sul do Líbano ou na Cisjordânia, as consequências podem ser imprevisíveis”, afirmou ao O Globo o professor Daniel Harari, pesquisador em conflitos internacionais na USP.
O impacto nos mercados já começou a ser sentido: o preço do petróleo tipo Brent subiu 3,7% nesta quinta, atingindo US$ 89,60 o barril. O gás natural teve alta de 5% na Europa. Bolsas de valores em Tóquio e Frankfurt abriram em queda diante do temor de alastramento do conflito.
Histórico de tensão e crise política em Israel
O estopim da nova onda de ataques foi uma operação das forças israelenses em Jenin, na Cisjordânia, no último fim de semana, que resultou na morte de um comandante do Hamas. O grupo respondeu com foguetes e, desde então, os bombardeios se intensificaram. Internamente, Israel enfrenta ainda uma grave crise política, com protestos contra o governo de Benjamin Netanyahu e o avanço de pautas ultranacionalistas.
“O governo israelense busca uma afirmação de força, mas há risco de que o país entre numa guerra sem aliados formais nesta altura”, diz a analista Laila Schein, ex-diplomata brasileira em Tel Aviv.
Risco para brasileiros e suspensão de voos
Diversas companhias aéreas cancelaram voos para Tel Aviv e Beirute nos próximos cinco dias, incluindo rotas com conexões usadas por brasileiros. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) acompanha o caso e recomendou que ageiros com viagem marcada busquem remarcação com as companhias.
O Tocantins ainda não informou se a comitiva será retirada de forma antecipada da missão, mas familiares cobram posicionamento do governo estadual. A reportagem tentou contato com o governador e a Secretaria de Comunicação, mas não obteve retorno até a publicação. O espaço segue aberto para manifestação.
Especialistas ouvidos pelo Diário Tocantinense avaliam que o Brasil deve manter sua tradição de neutralidade diplomática, mas reforçar o apoio à proteção de civis e à mediação da ONU.
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