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Música como trabalho: a rotina de quem vive da própria arte

Fora dos grandes palcos, cantora baiana mostra que a realidade de quem vive da música é feita de disciplina, gestão e resistência

A imagem mais popular da carreira musical costuma ser associada a palcos lotados, milhões de seguidores, contratos robustos e uma vida marcada por viagens e holofotes. Mas essa narrativa representa uma minoria dentro de um mercado que, na prática, é sustentado por profissionais que fazem da música seu ofício, seu sustento e seu caminho de vida.

A cantora e pianista Luma, radicada em Salvador (BA), integra esse universo que funciona à margem da indústria fonográfica de massa, mas que movimenta uma parte expressiva da economia criativa brasileira. Formada em Música Popular pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), ela vive exclusivamente da música — com uma rotina que envolve ensaios, produção de repertórios, logística de apresentações e gestão da própria carreira.

— A música é minha profissão. É o meu trabalho formal. Eu acordo, organizo minha rotina, executo tarefas e vivo disso. Assim como qualquer profissional — resume.

Música como profissão

O setor cultural responde por cerca de 2,7% do PIB brasileiro, segundo dados do Observatório Itaú Cultural, e emprega aproximadamente 5 milhões de pessoas no país. No entanto, o nível de informalidade no mercado musical ainda é alto: mais de 60% dos profissionais atuam sem vínculos formais, dependendo de contratos pontuais, shows, aulas ou projetos temporários.

É exatamente nessa lógica que Luma estrutura sua atuação. Com uma agenda estável em Salvador, ela se apresenta regularmente em bares, restaurantes e projetos culturais. Também lidera o projeto “Luma Convida”, que promove encontros musicais com estudantes de música da UFBA, no Restaurante Patroni, na Pituba, além de ter participado de eventos como o festival “Oxe é Jazz”, tocando ao lado da guitarrista Ágata Macêdo e do multi-instrumentista Armandinho Macedo.

— Viver de música exige mais gestão do que glamour. O que o público vê é o show, mas existe todo um trabalho invisível: planejamento, contatos, estudo, produção de material, logística e istração financeira — afirma.

A presença feminina e o desafio da visibilidade

Se viver de música no Brasil é um desafio, para as mulheres, os obstáculos são ainda mais evidentes. Segundo levantamento da UBC (União Brasileira de Compositores), menos de 13% das músicas cadastradas no Ecad têm participação feminina na autoria. Entre instrumentistas, a representatividade é ainda menor.

Para Luma, esse cenário não significa ausência feminina na música, e sim falta histórica de reconhecimento e de espaço.

— As mulheres sempre estiveram presentes na música. A diferença é que hoje há mais visibilidade e mais enfrentamento às barreiras que sempre existiram. Mas é uma luta diária — pontua.

Ela destaca que, em Salvador, há uma rede consistente de mulheres instrumentistas que se apoiam, se divulgam e criam espaços de atuação coletiva, rompendo com a lógica de exclusão que marcou décadas do mercado musical.

— Não estamos esperando que alguém nos dê espaço. Somos nós que construímos esses espaços, com o nosso trabalho, com a nossa rede e com a nossa resistência — reforça.

O reconhecimento que não cabe nos algoritmos

Ao contrário do que sugere a lógica das redes sociais, onde o sucesso é frequentemente associado a números de seguidores, viralizações e rankings, Luma sustenta outro olhar sobre o que significa ser reconhecida.

— O reconhecimento mais valioso não vem dos algoritmos. Vem do público real, das pessoas que estão ali, que acompanham, que entendem o nosso trabalho e fazem parte desse processo — afirma.

Essa percepção não é isolada. Dados da Associação Brasileira da Música Independente (ABMI) revelam que mais de 80% da receita de músicos independentes no Brasil ainda vem das apresentações presenciais, e não do streaming ou das plataformas digitais.

Nascida em Itabuna (BA) e criada em Salvador, Luma começou na música ainda na infância. Sua trajetória inclui agens pelo Madrigal da UFBA, pelo grupo “Miguel e os Futuríveis”, pelo coletivo “Pagode Por Elas”, além de apresentações internacionais, como em Saint Louis, nos Estados Unidos.

Atualmente, trabalha na produção de seu primeiro álbum autoral, mantendo o mesmo princípio que a guia desde o início da carreira.

— É um o importante, mas que carrega a mesma essência: viver da música com seriedade, profissionalismo e amor pelo que se faz — conclui.

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