Embora mantenha uma gestão tecnicamente bem avaliada no campo da infraestrutura urbana, o prefeito de Araguaína, Wagner Rodrigues (Republicanos), enfrenta um cenário de crescente desconforto político, especialmente dentro da própria base de sustentação. De acordo com fontes do Diário Tocantinense, a crise tem origem tanto na condução interna da gestão quanto no silêncio estratégico adotado sobre a sucessão municipal.
O desgaste político cresce à medida que aliados relatam dificuldade de diálogo, falta de clareza sobre o futuro do grupo político e preocupação com os movimentos que envolvem a possível candidatura da primeira-dama, Djamila Barbosa, à Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto) em 2026.
“Araguaína evoluiu nas obras, mas a confiança política foi corroída”, relata uma liderança da base ouvida pelo Diário Tocantinense.
Obras avançam, mas saúde se torna gargalo da gestão
No campo das entregas, a gestão exibe números robustos, com avanços especialmente na infraestrutura. Dados levantados junto à Secretaria Municipal de Obras indicam:
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Pavimentação e recapeamento em mais de 20 bairros.
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Reurbanização da região central, com sinalização inteligente, paisagismo e ibilidade.
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Expansão do programa de iluminação pública em LED, atingindo mais de 70% dos bairros.
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Início das obras do novo Centro de Eventos, além de duplicações viárias em eixos estratégicos.
Por outro lado, segundo relatos obtidos pelo Diário Tocantinense, o setor da saúde se transformou no ponto mais sensível da gestão. As principais queixas incluem demora em atendimentos na UPA da Vila Aliança, superlotação e falta de profissionais em postos de saúde, especialmente nas regiões periféricas.
Fontes internas da própria istração item que, embora a infraestrutura tenha avançado, a saúde hoje é o principal fator de desgaste da imagem da gestão junto à população.
Crise silenciosa na base e tensão sobre sucessão
O desconforto não se restringe ao campo istrativo. Fontes ouvidas pelo Diário Tocantinense apontam que o ambiente político no núcleo duro da gestão é de crescente tensão. O principal motivo seria a falta de diálogo do prefeito com vereadores da base e lideranças locais sobre os rumos da sucessão municipal.
De acordo com esses relatos, Wagner não sinalizou até agora quem deverá ser o nome do grupo para disputar a prefeitura em 2028, o que alimenta incertezas e especulações de que a prioridade do prefeito, neste momento, seria articular a candidatura da primeira-dama à Aleto.
“A candidatura da esposa soa como imposição pessoal e não como projeto coletivo. Isso fragiliza a base, que se sente desconsiderada”, afirmou um vereador da base, em condição de anonimato, ao Diário Tocantinense.
O temor é que, ao se concentrar em um projeto político de caráter mais familiar, o prefeito esteja abrindo espaço para a fragmentação da base, que já começa a dar sinais de descontentamento e movimentações autônomas.
Sucessão indefinida amplia risco de fragmentação
Segundo fontes do Diário Tocantinense, Wagner deve se manter na prefeitura até o fim do mandato, mas aposta todas as fichas na eleição de Djamila Barbosa como deputada estadual em 2026.
O problema, apontam interlocutores próximos, é que esse movimento ocorre sem a construção clara de uma liderança sucessória para 2028. Isso provoca insegurança dentro da base e estimula a formação de grupos paralelos que podem migrar para outras alianças, inclusive da oposição.
Além do desconforto político, lideranças comunitárias que estiveram na campanha de Wagner em 2020 relatam afastamento, dificuldade de o ao gabinete e falta de retorno às demandas locais.
Análise: saldo técnico, risco político real
Para o cientista político e especialista em gestão pública municipal Eduardo Filgueiras, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), ouvido pelo Diário Tocantinense, o cenário é típico de gestões que priorizam resultados istrativos, mas negligenciam a manutenção do capital político.
“O prefeito Wagner Rodrigues tem saldo positivo nas entregas físicas, mas negligenciou a gestão da própria base. A demora em conduzir um debate claro sobre a sucessão gera um vácuo político que, inevitavelmente, será ocupado — se não por aliados, por adversários”, afirma.
Na avaliação de Filgueiras, caso não haja um movimento imediato de recomposição política, Araguaína pode entrar em 2026 com uma base enfraquecida, sem unidade e com risco real de perder espaço tanto no legislativo quanto na sucessão da prefeitura.
Conclusão
Enquanto os investimentos em obras e infraestrutura são inegáveis e visíveis, o governo Wagner Rodrigues convive com um paradoxo evidente: êxito na gestão técnica, mas fragilidade crescente na condução política.
De acordo com fontes do Diário Tocantinense, se a gestão não promover uma reorganização interna e não apresentar um projeto coletivo claro, Araguaína pode chegar a 2026 em meio a um processo de desintegração da base governista. E, como diz uma máxima recorrente nos bastidores, “asfalto não pede voto”.
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